Todos nós em alguma fase da vida já tivemos que tomar um medicamento, quer seja um antibiótico por causa de uma inflamação da garganta ou uma cistite ou um anti-inflamatório para combater uma dor.
E muitos são os casos de problemas de saúde em que têm que ser acompanhados de medicação ao longo da vida. Como o caso da hipertensão, colesterol alto, ou porque sofre de depressão e o médico prescreveu um medicamento com intuito de restabelecer o estado de saúde. Mas sabia que há alimentos que podem interferir nos medicamentos?
São muitas as interações alimentares e medicamentosas que podem ter efeitos perigosos.
Medicamentos antidepressivos
O tratamento da depressão e da ansiedade está documentado há décadas tendo por base ou fundamento uma mescla de biologia e comportamento que pode encontrar ajuda na medicina.
O papel do cérebro a controlar a disposição e o humor está ligado a anomalias concretas na química cerebral. As pequenas alterações nesta química em um ou mais neutotransmissorevs podem redundar em grandes mudanças na disposição e no humor.
A depressão é uma doença que geralmente melhora com tratamento médico e toma de fármacos, junto com tratamento psicológico para ajudar a encetar as alterações comportamentos necessárias.
Vários são os medicamentos neste campos, deste antidepressores tricíclicos, inibidores da monoaminoxidase, inibidores selectivos da recaptação da serotonina ou inibidores da recaptação da serotonina-norepinefrina. Independentemente do tipo de medicamento, existem alguns alimentos a evitar em todos eles.
Alimentos a evitar
Álcool
O consumo de álcool pode interferir no delicado equilíbrio de escolha da dose de antidepressor para optimizar os benefícios e minimizar os efeitos secundários. Por exemplo, um dos efeitos secundários mais comuns destes fármacos – a sonolência e tonturas podem ser potencializado pelo álcool. É sensato abster-se de beber qualquer tipo de álcool por completo.
Toranja
A toranja pode interagir com inúmeros medicamentos. Esta fruta tem a capacidade de interagir com medicamentos de várias maneiras.
Deve-se limitar a ingestão de toranjas e sumo de toranja pois estes bloqueiam a capacidade de o organismo decompor os antidepressivos, e o resultado é idêntico ao de se tomar uma dose maior.
No caso dos medicamentos inibidores da monoaminoxidase
Deve ainda evitar;
Alimentos fermentados
O caso dos vinhos e cerveja, onde se usa leveduras para gerar o conteúdo alcoólico. Ou em alimentos ácidos como é o caso das natas e iogurtes, mas também assimilam proteínas e convencem alguns aminoácidos em substancias químicas biológicamente activas denominadas de “aminas biogénicas”. Quando se ingerem alimentos fermentados e os seus constituintes entram na corrente sanguínea, algumas dessas aminas biogénicas fazem subir a pressão arterial.
Normalmente, o organismo (principalmente o aparelho digestivo, os pulmões e o fígado) contém grandes quantidades de uma enzima chamada monoaminoxidase, que destrói rapidamente estas aminas, tornando esses alimentos seguros para a ingestão. Ora, se tomar um inibidor da monoaminoxidase, ele mecanismo de defesa fica desligado. Assim as aminas biogénicas ficam livres de entrar no organismo e de produzir efeitos potencialmente perigosos.
Cafeína
Limite a ingestão diária de todas as bebidas cafeinadas a quantidades reduzidas, não mais de 300 miligramas (mg) por dia, ou seja, cerca de dois cafés. A investia excessiva de cafeína pode potencial o efeito secundário de aumento da pressão arterial que se regista ocasionalmente neste tipo de fármacos.
Medicamentos Analgésicos
O que este grupo de fármacos faz é reduzir a percepção da dor. A dor ocorre quando há partes do corpo lesionadas, quer externas quer internamente.
Os analgésicos reduzem a percepção da dor ao diminuirem a reactividade das células nervosas que a detectam em diversas partes do corpo e que alertam o cérebro.
Há 4 grandes classes de fármacos analgésicos para este efeitos, cada qual atuante em mecanismos químicos diferentes.
Alguns destes medicamentos são de venda livre (a excepção das altas dosagens) e outros apenas se adquirem com receita médica.
As classes de analgésicos mais divulgadas actualmente são:
- os anti-inflamatórios não esteróides (AINES),
- os opioides também denominados “opiáceos”,
- os medicamentos para tratamento das enxaquecas,
- os medicamentos para tratamento da dor neuropática.
Dentro do grupo dos anti-inflamatórios não esteróides (AINES) existem ainda vários tipos de princípios activos, entre os mais conhecidos temos o paracetemol, salicilatos (como é o caso da aspirina), inibidores não selectivos da ciclo-oxigenase (onde encontramos o diclofenac e o ibuprofeno, entre outros) e os inibidores selectivos da ciclo-oxigenase-2.
Alimentos a evitar
Álcool
Evite tomar paracetemol se consumir três ou mais doses de bebidas alcoólicas por dia. Em doses superiores a 4000 mg diários, o paracetemol pode ser prejudicial para o fígado, efeito que resulta exacerbado quando se consume álcool.
No caso dos medicamentos salicitatos
A muito conhecida, Aspirina, é um destes medicamentos e deverá se ter em conta que este tipo de medicamento inibem a função das plaquetas e, como tal, podem impedir a coagulação. A sua associação com álcool pode aumentar o risco de hemorragia caso sofra de algum transtorno no estômago.
Um dos principais inibidores da actividade planetária normal e da coagulação é a vitamina E. São precisas doses altas para chegar a isso, muito mais altas do que as consumidas na alimentação normal. Porém, se tomar suplementação deverá ter atenção a sua dosagem.
Ácidos gordos ómega 3
Encontra-se em alguns peixes e óleos de peixe, podem reduzir a função plaquetária e abrandar o mecanismo de coagulação quando consumidos em suplemento alimentar, o que resulta em risco de hemorragia acrescida.
Cebola e Alho
Apenas para os medicamentos com salicitatos e inibidores não selectivos da ciclo-oxigenase.
Tem compostos que interferem com a atividade das plaquetas e a coagulação normal do sangue. A ingestão em grandes quantidades em alimentos ou suplementos pode potencializar a sua acção anticoagulação e antiplaquetária dos salicilatos.
No caso dos medicamentos inibidores não selectivos da ciclo-oxigenase
O mais conhecido deste tipo de medicamento é talvez o Ibuprofeno mas também encontra o, Brufen, Moment, Ozonol, Trifene, Reuxen entre outros.
Reduzir o consumo de cafeína ajuda minorar a irritação do aparelho digestivo com estes medicamentos.
O grupo dos medicamentos inibidores selectivos da ciclo-oxigenase-2 é o único no grupo AINES que não revelou interferir com a actividade paqueraria e de coagulação, mas continua a ser boa ideia mesmo para estes de ter atenção aos suplementos de vitamina E.
Medicamentos opioides
Analgésicos muito eficazes, mas que causam dependência pelo que a sua prescrição é altamente regulada.
Álcool
Importante evitar bebidas alcoólicas, pois podem aumentar o efeito de sonolência, e em alguns medicamentos deste grupo podem inclusive aumentar os níveis do fármaco no sangue podendo assim tomar-se perigosamente elevado.
Toranja e sumo de toranja
caso este tipo de medicamento fizer parte da sua medicação, deve abster-se to comer ou beber sumo de toranja por completo pois este fruto. O efeito do opioide pode resultar potencializado e os efeitos secundários podem ganhar destaque; entre os mais perigosos, o abrandamento do ritmo respiratório.
Medicamentos para tratamento das enxaquecas
Só alguns fármacos triptanos têm restrições alimentares.
Se tomar Almotriptano ou Eletriptano (Almogran, Axert ou Relert, Relpax), não deve comer ou beber sumo de toranja. Este fruto pode causar um aumento significativo nos níveis sanguíneos destes fármacos, como se o organismo recebesse uma dose maior, o que pode aumentar a probabilidade de efeitos secundários.
Medicamentos para tratamento da dor neuropática
Se estiver sob esta medicação, evite consumir álcool porque pode aumenta a absorção e a disponibilidade do fármaco no organismo, intensificando assim efeitos secundários.
Medicamentos Anticoagulantes
É um grupo de fármacos a que também se chama “fluidificastes do sangue”, em que a sua principal actuação é simplificar a circulação nos vasos sanguíneos e actuar na prevenção do surgimento de coágulos indesejados.
Há duas categorias diferentes de fármacos (tomados por via oral) que inibem a formação de coágulos:
- Antigoagulantes e
- Antiagregantes plaquetários
Dos mais conhecidos nesta categoria temos, no caso dos anticoagulantes, varfarina (nome comercial, Vartine) e nos antiagregantes plaquetários, a velhinha Aspirina (ácido Acetilsalicílico) de venda livre.
Alimentos a evitar
Embora haja interações alimentares que são especificas destes fármacos individualmente, como é o caso do variaria (anticoagulante), certas interações aplicam-se a todos.
Deve-se evitar Vitamina E em suplementos (mas não em alimentos quando se toma fármacos anticoagulantes. Esta vitamina, por si só, pode ter uma acção anticoagulantes modesta, mas apenas em doses extremamente elevadas, muito mais do que as que obtemos numa alimentação normal.
Há milhões de pessoas que tomam suplementos de vitamina E dado o seu poder antioxidante. E no que toca a vitaminas, pensa-se erradamente que quanto mais melhor. Trata-se de um erro crasso para quem tomar anticoagulantes.
Ácidos gordos ómega 3
Comer peixe regularmente não traz riscos para a saúde no que toca aos ácidos gordos ómega 3, mesmo para quem tome anticoagulantes, aliás, são muitos os benefícios. Deve evitar-se a ingestão de óleos de peixe sob a forma de suplemento pois podem interferir na eficácia destes fármacos.
Cebola e alho
Embora a cebola e o alho tenham compostos que podem fluidificar o sangue, só são preocupantes se consumidos em grandes quantidades, e evitar suplementos de alho.
Cuidados a ter com Varfarina (anticoagulante)
De entre os alimentos a evitar, temos bebidas alcoólicas, leite de soja, romãs, arandos, chá verde (apenas quando consumido em grandes quantidades – mais de um litro por dia), manga e abacate.
Dado que estes alimentos fazem normalmente parte da alimentação, a melhor abordagem será reduzir o seu consumo ou, ainda melhor, eliminar se possível.
No caso da varfarina, há outra questão muito importante que é colocada pela vitamina K.
Sendo um ingrediente necessário para formação sanguínea dos coágulos sanguíneos, quando usada com este propósito, fica desativada e é preciso regenerar a forma activa. A varfarina abranda o processo de regeneração, reduzindo assim a forma activa da vitamina K e a capacidade global de o organismo formar coágulos.
A ingestão desta vitamina na alimentação é uma questão bipartida quando se toma varfarina. Pretende-se manter mais baixa a quantidade total de vitamina K consumida na alimentação e pretende-se consumir a mesma quantidade de dia para dia.
Principais alimentos ricos com vitamina K
Legumes verdes, espinafres, brócolos, couves-de-bruxelas, couve-galega, couve-portuguesa, alfaces lisas, repolho, endívias, saladas e óleo de soja.
Se é um grande adepto de saladas e hortaliça em geral, é muito importante falar com o médico acerca da redução necessária de modo a manter uma dosagem de medicação equilibrada.
No caso dos medicamentos antiagregantes plaquetários
Só existe outra preocupação com interações alimentares, além das gerais já mencionadas anteriormente, e prende-se com a toranja novamente. Deve-se limitar a ingestão a metade de uma toranja ou um copo de 170-230 ml de sumo por dia, caso seja consumidor desta fruta. Isto porque a toranja altera a biodisponibilidade destes fármacos no organismo.
A ocorrência dessas interferências pode interferir no seu estado de saúde! Por conseguinte, não deixe de informar o seu médico se fizer algum tipo de suplementação ou procure um nutricionista para ajudar na sua alimentação.