A hipertensão é o aumento da pressão dentro dos vasos sanguíneos, que pode levar a complicações como insuficiência cardíaca, perda de visão, AVC e insuficiência renal, e torna-se importante fazer o tratamento adequado com dieta e medicação para prevenir esses problemas.
Existem muitas pessoas que associam a palavra hipertensão a tensão excessiva, nervosismo ou stress. Em termos médicos, hipertensão refere-se à pressão arterial persistentemente alta, independentemente da causa. Como normalmente ela não causa sintomas durante muitos anos, até um órgão vital ser lesionado, a hipertensão arterial (HTA) é chamada de “assassina silenciosa”. A hipertensão arterial não controlada aumenta o risco de problemas como acidente vascular cerebral, aneurisma, insuficiência cardíaca, ataque cardíaco e lesão renal.
A hipertensão arterial é o principal factor reversível para as doenças cardiovasculares (CV) que são a principal causa de morbi-mortalidade em Portugal.
E segundo a Direção Geral de Saúde, a taxa de prevalência da Hipertensão Arterial (HTA) em Portugal situa-se nos 26,9%, sendo mais elevada no sexo feminino (29,5%) do que no masculino (23,9%), revela o estudo “A Hipertensão Arterial em Portugal 2013” elaborado no âmbito do trabalho desenvolvido pelo Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares.
Valores da pressão arterial
A pressão arterial é quantificada através de dois números.
- O primeiro número e mais elevado, diz respeito à pressão que o sangue exerce nas paredes das artérias quando o coração está a bombear sangue. É a chamada pressão arterial sistólica — habitualmente chamada “máxima”.
- O segundo número indica-nos a pressão que o sangue exerce nas artérias, quando o coração está relaxado. É a chamada pressão arterial diastólica — habitualmente chamada “mínima”.
A pressão arterial ideal deve ser inferior a 120/80. Acima destes valores acresce o risco de doença coronária ou acidente vascular cerebral.
O que causa a hipertensão?
Cerca de 90% dos casos de hipertensão estão relacionados com os hábitos de vida.
Hereditariedade
A influência genética na hipertensão primária é muito conhecida. Quanto mais parentes portadores de pressão alta tiver, maiores são suas chances de também desenvolver hipertensão arterial. Pessoas com pelo menos um parente de primeiro grau hipertenso têm o dobro de hipótese de desenvolver hipertensão quando comparado com pessoas sem história familiar.
Obesidade
A obesidade é um dos fatores importantes que poderá estar na origem da hipertensão. Cada 1/2 kg de gordura requer a formação de mais 1,5 km de pequenos vasos sanguíneos para abastecerem o excesso de tecido adiposo e torna-se necessária uma pressão arterial acrescida para bombear o sangue através deles. Por esta razão, um excesso de peso na ordem dos 20% ou mais aumenta o risco de hipertensão em 5 vezes.
Sedentarismo: a falta de exercício físico também é outro importante fator de risco para hipertensão arterial. A prática regular de exercícios diminui os níveis circulantes de adrenalina, que causa constrição das artérias, e aumenta a liberação de endorfinas e óxido nítrico, que causam vasodilatação. Além disso, o sedentarismo contribui para o sobrepeso e aumento do colesterol.
Stress
Existem vários estudos que demostram que o stress emocional, quando não tratado, pode causar picos de pressão e mantê-la alta. Por isto é importante aprender a lidar com o stress (1, 2, 3).
Consumo de sal em excesso
O excesso de consumo de sal é também um fator que aumenta a probabilidade de hipertensão arterial. Sabe-se que a tensão alta é menos frequente nas populações do mundo onde o consumo de sal é baixo. O nosso corpo necessita somente de 1/8 de colher de chá de sal por dia.
Má alimentação
Os hábitos alimentares inadequados apresentam-se relacionados com aumento dos níveis de glicose e lipídios séricos. É preciso limitar o consumo de alguns alimentos que, por sua composição, podem causar mais complicações (4).
Consumo de álcool e café
Cerca de 5 a 15% dos casos de hipertensão podem estar relacionados com o consumo moderado de álcool. Por outro lado, uma chávena de café por dia pode provocar uma subida da tensão arterial.
Sintomas da Hipertensão Arterial (HTA)
A hipertensão é geralmente uma condição silenciosa. Muitas pessoas não experimentam nenhum sintoma. Pode levar anos ou até décadas para que a condição atinja níveis suficientemente graves para que os sintomas se tornem óbvios. Mesmo assim, esses sintomas podem ser atribuídos a outros problemas.
Mantenha-se atento aos sinais. Os sintomas de hipertensão grave podem incluir:
- Tonturas;
- Hemorragias nasais;
- Dores de cabeça;
- Falta de ar
- Dor no peito
- Mudanças visuais
- Sangue na urina
Tipos de hipertensão
A hipertensão possui duas categorias: hipertensão essencial e hipertensão secundária.
A hipertensão essencial, também chamada de hipertensão primária, é aquela que surge sem causa esclarecida, enquanto que a hipertensão secundária é aquela que ocorre devido a uma doença identificável, como insuficiência renal, apneia do sono, hipotireoidismo etc.
Abordagem Nutricional
A dieta DASH foi criada depois de alguns pesquisadores notaram que a pressão alta era muito menos comum em pessoas que seguiam uma dieta baseada em vegetais, como veganos e vegetarianos (5, 6).
É por isso que a dieta DASH enfatiza frutas e vegetais enquanto contém algumas fontes de proteína magra, como frango, peixe e feijão. A dieta é baixa em carne vermelha, sal, açúcares e gordura adicionados.
Os cientistas acreditam que uma das principais razões pelas quais pessoas com pressão alta podem beneficiar deste tipo de dieta deve-se sua redução de ingestão de sal.
O que é o plano alimentar DASH?
O plano alimentar DASH:
– Realça o consumo de vegetais, fruta e produtos lácteos magros;
– Inclui grãos integrais, peixe, aves, feijão, sementes, nozes e óleos vegetais;
– Limita o consumo de sal, doces, bebidas açucaradas e carne vermelha.
Em termos de conteúdo nutritivo a DASH é:
– Baixa em gorduras saturadas;
– Rica em potássio, cálcio, magnésio, fibras e proteínas.
O sal e a hipertensão
Onde está o sal?
O sal é um mineral constituído por dois elementos: o sódio e o cloro. O sódio é um nutriente essencial ao organismo mas, consumido em excesso, comporta sérios riscos para a saúde, estando relacionado com o aumento da pressão arterial (PA). Cerca de 10% do sódio ingerido tem origem no conteúdo natural dos alimentos e o restante é proveniente de adição, durante o fabrico de alimentos processados ou aquando da sua confeção.
Qual a quantidade de sal que devo consumir?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo de 5g de sal por dia para um adulto (1 colher de chá rasa) e 3g diárias para as crianças. Isto já inclui não só o sal acrescentado aos alimentos, como o que faz parte da sua composição, na totalidade de todas as refeições realizadas ao longo de um dia. Em média, os portugueses consomem 10,7g de sal por dia (estudo PHYSA), o que corresponde ao dobro do recomendado (7).
Quais os alimentos com maior quantidade de sal?
- Carnes processadas (ex: salsichas, hamburger, rissóis, folhados, enchidos),
- Algumas conservas (ex: milho, ervilha, atum, sardinha),
- Molhos embalados, caldos concentrados, batatas-fritas de pacote,
- Bacalhau (é importante que seja bem demolhado),
- Alguns lacticínios (manteiga com sal, queijos curados),
- Refrigerantes (o sódio pode ser adicionado a sumos como conservante), refeições pré-cozinhadas e snacks.
Que tipo de sal deve preferir
Sal dos Himalaia
É encontrado aos “pés” do Himalaia, região que a milhões de anos foi banhada pelo mar. Possui mais de 80 minerais, tais como cálcio, magnésio, potássio, cobre e ferro. Por conta disso, os cristais ganham tom rosado e sabor suave.
Um exemplo de produto que, embora não seja retirado diretamente do mar (é extraído de depósitos milenares nas cadeias de montanhas do Himalaia), é considerado um sal marinho.
Sal marinho
A definição mais comum para o sal marinho é de um sal que não passou por processamento e por isso mantém seu valor nutritivo e as características originais de sabor, textura e coloração.
Obtido a partir da evaporação da água do mar, o sal marinho não contém aditivos químicos e não passa por processo de refinamento. Assim, mantém todos os microminerais e nutrientes que costumam ser removidos durante o processo de secagem e refino utilizado para produzir o tradicional sal de mesa.
E é exatamente por não sofrer nenhum tratamento térmico ou químico que o sal marinho mantém sua coloração natural, que pode ser cinza, preto, rosa ou até mesmo branca.
O sal grosso utilizado para churrasco é um tipo bastante comum de sal marinho que passou por processo de moagem (procedimento que apenas reduz o tamanho dos cristais de sal), mas não por tratamento químico.
Flor de sal
Onde encontrar o sal nos rótulos
O gosto por si só pode não dizer quais alimentos são ricos em sódio. Por exemplo, pode achar que um bagel não é salgado, mas um típico bagel de aveia com 10 cm de diâmetro tem cerca de 600 mg de sódio, e até mesmo uma fatia de pão integral contém cerca de 100 mg de sódio.
Então, como pode saber quais alimentos são ricos em sódio? Leia os rótulos dos alimentos. O rótulo Nutricional encontrado na maioria dos alimentos embalados e processados lista a quantidade de sódio em cada porção. Também lista se os ingredientes incluem compostos contendo sal ou sódio, como:
- Glutamato monossódico (MSG)
- Bicarbonato de sódio (também chamado de bicarbonato de sódio)
- Fermento em pó
- Fosfato dissódico
- Alginato de sódio
- Citrato de sódio
- Nitrito de sódio
Tente evitar produtos com mais de 200 mg de sódio por porção. E tenha certeza de que sabe quantas porções estão em um pacote – essa informação também está no rótulo de Informações Nutricionais.
Dicas para reduzir o sódio
- Coma mais alimentos frescos. A maioria das frutas e vegetais frescos tem naturalmente baixo teor de sódio. Além disso, a carne fresca é menor em sódio do que a carne como, bacon, salsichas e presunto. Compre carne de aves frescas ou congeladas ou carne que não tenha sido injetada com uma solução contendo sódio. Olhe nos rótulos dos alimentos.
- Opte por produtos com baixo teor de sódio. Se comprar alimentos processados, escolha aqueles que são rotulados como “baixo teor de sódio”.
- Remova o sal das receitas sempre que possível. Pode deixar de fora o sal em muitas receitas, incluindo ensopados, sopas, guisados e outros pratos principais que você cozinha. Procure por livros de culinária que se concentram na redução dos riscos de pressão alta e doenças cardíacas.
- Limitar o uso de condimentos carregados de sódio. Molho de soja, molhos para salada, molhos, molhos, ketchup, mostarda e molho contêm sódio.
- Use ervas, especiarias e outros condimentos para temperar os alimentos. Use ervas frescas ou secas, especiarias, raspas e suco de frutas cítricas para incrementar suas refeições.
- Molho de iogurte – Quer acompanhar a sua refeição com um molho fresco mas sabe que os disponíveis no mercado estão cheios de sódio? Então experimente fazer um simples molho de iogurte com limão ou lima, tempere a gosto e junte cebolinho – o ideal para usar com carne.
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Como temperar carne grelhada – Quer organizar um churrasco e não sabe o que fazer para temperar as carnes sem ser com sal? Então experimente fazer um molho de azeite, alho, um pouco de vinho, sumo de limão e pimentão e use-o para regar a sua carne enquanto vai assando. Vai ver que confere imenso sabor e sem pitada de sal.
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Como temperar o peixe – O peixe fresco faz parte da cozinha portuguesa e faz parte de uma alimentação saudável, mas atenção aos temperos realizados! Substitua o sal por uma maceração de ervas frescas, azeite e um pouco de alho. Combine as ervas aromáticas que mais gosta, seja rosmaninho, coentros, salsa ou até cebolinho, e aprecie as suas refeições de maneira mais saudável.
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Batatas fritas sem sal – Quando come um delicioso prato de batata-frita, o que apetece é sempre um pouco de sal. Mas, experimente fazer um simples molho de iogurte tipo grego com umas gotas de sumo de limão ou lima, uns ramos de cebolinho picado e um pouco de pimenta e vai ver que o seu petisco fica bem mais delicioso!
- Use substitutos de sal com sabedoria. Alguns substitutos de sal ou sais leves contêm uma mistura de sal de mesa e outros compostos. Para alcançar esse sabor salgado familiar, pode usar muito do substituto – e obter muito sódio. Além disso, muitos substitutos do sal contêm cloreto de potássio. Embora o potássio possa diminuir alguns dos problemas do excesso de sódio, muito potássio pode ser prejudicial, especialmente se tiver problemas renais ou se estiver a tomar medicamentos para insuficiência cardíaca congestiva ou hipertensão que causam retenção de potássio.
A importância do potássio na regulação da pressão arterial
O potássio é um mineral essencial na alimentação humana e presente em diversos alimentos. O efeito do potássio na redução da pressão arterial em doentes hipertensos através do aumento da sua ingestão alimentar está hoje comprovado e poderia ser de grande utilidade em particular em pessoas com consumos elevados de sal, algo muito frequente entre nós.
nomeadamente o efeito do potássio na hipertensão arterial e o efeito da relação Na/K na pressão arterial e risco cardiovascular. Do ponto de vista nutricional, abordam-se as recomendações de ingestão de potássio, bem como as fontes de potássio na alimentação e níveis de adequação da ingestão.
Qual o efeito do exercício físico na hipertensão (HTA)?
O exercício físico tem um papel importante tanto na prevenção, como no tratamento e controlo da HTA. O exercício aeróbio regular reduz a Pressão Arterial (PA) em repouso em indivíduos normotensos (com PA arterial normal) e nos hipertensos.
Além dos benefícios na PA, o exercício físico aeróbio, afeta favoravelmente a composição corporal (com diminuição da massa gorda), melhora o condicionamento físico e melhora a ficha lipídica (diminui triglicerídeos e LDL e aumenta HDL).
Portanto, o exercício contribui tanto na prevenção de HTA em pacientes normotensos como no controlo da PA em indivíduos hipertensos.
Olhe por sua saúde!